Aumenta preocupação no Sul de Lábrea, na Ponta de Abuná.

Paf Curuqueté, no Sul de Lábrea. Foto A Crítica
Após temer uma emboscada, a Força Nacional está se retirando do Assentamento Gedeão, no Sul de Lábrea, no Amazonas. Liderança ameaçada é retirada do local, próximo da Ponta de Abuná, após cinco meses de escolta da Força Nacional, e a preocupação pela segurança aumenta na região. Também na região, o Assentamento Extrativista Curuqueté, a 70 km de Vista Alegre do Abuná (Porto Velho), de onde era presidente o finado Adelino Ramos, é um dos que sofre a pressão dos madereiros e pistoleiros.  
O MPF de RO procurou o Ministro da Justiça para dar atendimento e segurança ao local. Quem sabe assim o assentamento Curuquetê possa ir adiante, e voltar as lideranças, que tem estado foragidas desde janeiro.  
Após intento de assassinato liderado ainda este mes de abril por parte do conhecido pistoleiro, Luiz Vicente Machado, lideranças tiveram que fugir escondidas. Enquanto madereiros e grileiros planejam nova invasão da área, onde além da retirada de madeira já existe bastas novas derrubadas.
Isto num local que será um assentamento que promete, é uma nova modalidade de PA, Projeto Agro Florestal, onde as famílias trabalham em apenas quatro alqueires para plantar, criar animais, inclusive gado para leite, enfim plantio de subsistência e possível venda de verduras, frutas, mandioca, farinha etc. O restante é para o extrativismo coletivo ( há muita castana na área) e manejo florestal também coletivo, numa área de 41 mil hectares.
Alguns meios de comunicação estão se fazendo eco da campanha internacional de Anistia Internacional para proteger os extrativistas da região. (ver abaixo) 
Do jornal A Crítica de Manaus.
Anistia Internacional pede "ação urgente" do governo brasileiro no sul do Amazonas

A extrativista e liderança camponesa Nilcilene Miguel de Lima, que há cinco meses vinha recebendo escolta da Força Nacional de Segurança após receber várias ameaças de morte, foi retirada do assentamento e enviada para um local sigiloso pela polícia.A preocupação com a tensão cada vez mais crescente entre madeireiros (a maioria ilegais) e extrativistas na região do sul do Amazonas, em particular na zona rural do município de Lábrea, alcançou a Anistia Internacional. Nesta semana, o movimento global com mais de 2 milhões de membros em 150 países lançou uma campanha para tentar sensibilizar o governo brasileiro e amazonense para aquela região totalmente abandonada.

A campanha da Anistia Internacional apresenta um relato (em inglês) intitulado "Comunidades amazônicas ameaçadas por madeireiros" e pede que seus aliados façam um apelo às autoridades brasileiras para que estas investiguem as ameaças e perseguição, garantam a presença de segurança pública nas áreas regularizadas e protegidas e a urgente atuação para coibir as sistemáticas explorações ilegais de madeira e grilagem na região.

De fato, no que se refere aos assentamentos agrários federais localizados naquela região, o termo “abandonado” não é sequer uma força de expressão e está longe de ser um exagero. A única ação pública realizada na área é a regularização fundiária dos assentamentos e somente após muitas lutas, ameaças de morte (que nunca cessaram) e assassinatos.

Não há escolas, postos médicos, postos policiais, agências bancárias, estradas. Ano passado, o Projeto de Assentamento Florestal Curuquetê só foi reconhecido pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) dias depois do assassinato de sua principal liderança, Adelino Ramos, o Dinho, mais conhecido por ter sido um dos sobreviventes de um conflito agrário ocorrido no município de Corumbiara, em Rondônia, em 1995, no qual 12 pessoas morreram.

O episódio mais recente dessa guerra temporariamente vencida pelos madeireiros ilegais é o fim da proteção à líder camponesa Nilcilene Miguel de Lima, que há cinco meses vinha recebendo escolta da Força Nacional de Segurança. No início deste mês, Nilcilene foi retirada do assentamento Gedeão e enviada para um local sigiloso pelas forças policiais.

Francisneide Lourenço, que assumiu recentemente a coordenação regional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), fez um comentário alarmante nesta quinta-feira (26): “Quem está mandando lá são os madeireiros”.

Neide, como é conhecida, me disse que Nilcilene, com quem conversei há quase um ano, quando ela fugiu de Gedeão logo após o assassinato de Dinho, de quem era amiga, já não estava protegida nem mesmo com a presença dos policiais enviados pelo Ministério da Justiça. A certeza dos grileiros/madeireiros quanto à falta de impunidade é tanta, que eles mandavam recados, dizendo que já havia sido preparada uma emboscada para Nilcilene.

Nesta semana, a própria coordenação da CPT no Amazonas passou a receber ameaças disfarçadas. Por meio de uma ligação telefônica, Auriédia Costa, ex-coordenadora da CPT/AM que continua em atuação na entidade, recebeu um aviso: “Não apareça mais em Lábrea para defender a Nilcilene ou outro agricultor”.

O conflito nos assentamentos no sul do Amazonas não é desconhecido. Lideranças camponesas, agricultores familiares e extrativistas denunciam há vários anos as ações de grileiros, as invasões de terra e, sobretudo, a intensa e cada vez menos velada extração de madeira, incluindo as áreas protegidas – a mais afetada é o Parque Nacional Mapinguari, unidade de conservação federal.

“A retirada de madeira continua em grande escala. Vejo sempre madeiras saindo em grande quantidade. São caminhões e caminhões com toras de madeira sendo levadas das áreas”, me disse um outro líder camponês de Gedeão, que esteve em Manaus esta semana para participar de uma reunião com o ouvidor agrário nacional, Gercino José da Silva Filho. Ele não quer ser identificado.

A omissão do poder público e o óbvio desinteresse em promover alguma ação mínima na área também estão levando grupos de agricultores e extrativistas a se aliar e a defender os madeireiros ilegais devido aos supostos benefícios que recebem, sobretudo em termos de infra-estrutura.

Francisneide contou que um produtor vinculado a uma associação chegou a acusar Nilcilene e a CPT de "prejudicar" os produtores rurais do Amazonas porque os madeireiros estão levando benefícios para a área. "Sem a presença do Estado, os madeireiros criaram um poder paralelo e fez a comunidade ficar do lado deles”.

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