CPT Acre recebe Medalha Chico Mendes de Resistência



Foi realizada ontem, 1º de abril, na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), a solenidade de entrega da 25ª Medalha Chico Mendes de Resistência. Este ano foram homenageadas várias personalidades que se destacaram na defesa dos direitos humanos, incluindo pessoas que morreram. A premiação é promovida pelo grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro.

Este ano foram agraciados com a medalha 12 pessoas e entidades. Uma delas foi a Comissão Pastoral da Terra (CPT) do Acre, representada por sua coordenadora, Darlene Braga, que denunciou as ameaças de grileiros e madeireiros contra a entidade. A CPT recentemente precisou interromper os trabalhos em sua sede, no centro de Rio Branco. O local foi arrombado e depredado.
“O que se vê no estado do Acre é a expropriação dos agricultores, a crescente violência no campo e as madeireiras expulsando as comunidades tradicionais. A grilagem na Amazônia é enorme e a gente vê todos os dias nossos companheiros morrendo. Só que nenhum desses que cometeram esses atos foram punidos”, disse Darlene.

Homenagem à CPT Acre - 25°Medalha Chico Mendes de Resistência
Na madrugada do dia 30 de janeiro de 2013, a sede da Comissão Pastoral do Acre (CPT Acre) foi invadida pela sétima vez em dois anos - e pela terceira vez somente no mês de janeiro passado. Naquela quarta-feira, o arrombamento foi percebido logo que os integrantes da CPT chegaram à sede a fim de organizar a recepção aos participantes de um ato em solidariedade à Pastoral, justamente pelas invasões anteriores, algumas ocorridas poucos dias antes - nas madrugadas dos dias 20 para 21 e 21 para 22!
No dia 20, foram roubados computadores, equipamentos data-show, impressoras, máquinas fotográficas, além de muitos documentos. A equipe da CPT fez o registro em boletim de ocorrência e solicitou perícia da polícia civil. Esta, no entanto, informou que não teria sido encontrada nenhuma impressão digital que pudesse levar aos suspeitos de tal violência. Na invasão da madrugada seguinte, foram levados vários documentos, incluindo o boletim de ocorrência, o que reforça a tese de que o executante estava bem orientado sobre o que roubar, não se tratando, assim, de furto comum.
A violência das invasões é agravada pelo fato de a CPT do estado do Acre ter dois de seus agentes pastorais na lista de ameaçados de morte em 2011, segundo amplo levantamento realizado pela CPT nacional. São eles: Darlene Braga, coordenadora da CPT do Acre (aqui presente) e Cosme Capistrano que atua no Município de Boca do Acre. Em Nota Pública, de 25 de janeiro de 2013, a Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, da CNBB, o Conselho Indigenista Missionário Cimi) e a Coordenação Nacional da CPT denunciam: "Julgamos importante destacar o fato dessas invasões à sede terem se intensificado após a CPT denunciar irregularidades em planos de manejo florestal e ação de fazendeiros e madeireiros no estado do Acre e sul do Amazonas, questionando o latifúndio e as novas
formas de apropriação dos meios naturais coletivos para transformá-los apenas em capital para alguns. (...) Acreditamos que as ameaças de morte são feitas tendo em vista a atuação da CPT Acre nas áreas onde há conflito envolvendo seringueiros, pretensos donos das terras, grileiros, fazendeiros e madeireiros."
O contexto político e econômico da violência no campo no Brasil é a impunidade e o modelo de desenvolvimento econômico, com o incentivo e financiamento do Estado, a serviço do lucro do latifúndio, do agronegócio, do grande capital, baseado na brutal exploração dos trabalhadores e povos do interior brasileiro. Massacres, ameaças e assassinatos de lideranças e dos que se colocam ao lado dos oprimidos têm sido a marca registrada dos conflitos pela terra.Hoje, ao prestarmos nossa homenagem à CPT Acre, nos reportamos a Chico Mendes, que dá o nome à Medalha do GTNM/RJ, assassinado pela sua luta e pelo seu papel destacado na defesa dos trabalhadores e seringueiros no estado do Acre. Chico Mendes, presente!

Rio de Janeiro, 1 de abril de 2013

Outro homenageado foi o cineasta e documentarista Sílvio Tendler, que dirigiu mais de 30 filmes, entre longas e médias-metragem e séries para a televisão, com destaque para os documentários Anos JK (1980) e Jango (1984). Ele ressaltou que é preciso continuar contando a história brasileira, para que não se repitam fatos como o golpe militar deflagrado no dia 31 de março de 1964, que este ano completou 49 anos.
“É fundamental que o golpe esteja impregnado na cabeça das pessoas. O Brasil não pode correr o risco de uma nova ditadura. É importante mostrar que houve um golpe que sacrificou gerações inteiras. Quem nos deve são os que roubaram nossa juventude. Quem sequestrou, estuprou, torturou. Esses têm uma dívida com a sociedade brasileira. Hoje temos uma Comissão da Verdade apurando esses crimes. Estamos um pouco atrasados em relação ao nossos [países] irmãos da América do Sul, mas nunca é tarde para se fazer justiça”, disse Tendler.

Comissão da Verdade
Mais rapidez nos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade foi pedida por ativistas políticos reunidos no ato de ontem. “A Comissão da Verdade vai fazer um ano que foi instalada. O que foi feito até agora? Nós não sabemos. A Comissão precisa publicar os seus feitos. As pessoas esperaram tanto dela e até agora não disse ao que veio. De trabalho concreto, não vi nada”, declarou a coordenadora da organização Tortura Nunca Mais, Victória Grabois, que presidiu a entrega das medalhas. Ela filha de Maurício Grabois, um dos fundadores do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), morto na Guerrilha do Araguaia, em 1973. A Comissão da Verdade foi instalada em maio do ano passado com a missão de apurar os fatos acontecidos durante a ditadura militar instaurada em 1964.

fonte cpt nacional

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