Protestos e alarma no Rio Madeira

Comportas abertas da usina de Santo Antônio em 12.2.14 foto internet

Atualizado 19/2/14 21 h. O nível do Rio Madeira alcançou, nesta quarta-feira (19) a marca de 17,86 metros, em Porto Velho.

A marca é considerada histórica já que ultrapassa a maior já registrada em 1997 de 17,52 metros. O número de pessoas que foram afetadas pela cheia atingiu hoje mais de mil, sendo 350 desabrigados e 711 desalojados, mas esse número pode ser ainda maior, segundo os Bombeiros. (G1)

Começam a circular em Porto Velho rumores (alguns alarmistas) sobre a possibilidade de rompimento das barragens que contêm as águas do Madeira, assim como outros rumores de existência de rachaduras nas ensecadeiras (barragens provisórias) de Santo Antônio e de Jirau.

A empresa de Santo Antônio garantiu na justiça federal a segurança total da barragem, porém admitiu que em Jacy-Paraná, na época do verão amazônico, será necessário altear o nível do campo de futebol, da praça e de algumas casas “que ficaram um pouco abaixo do que é para ser”. Segundo a informação o nível do rio pode chegar a 18, 40 m. 

O certo, é que o GGI (Grupo de Gestão Integrada) avaliou em Porto Velho informações sobre um possível rompimento nas comportas das usinas do Rio Madeira. Para as empresas, o rompimento das comportas é boato.

Porém para Telma Monteiro, a cidade de Porto Velho, está se confirmando um desastre anunciado: A capital do estado de Rondônia, nunca esteve tão ameaçada pelas cheias do rio Madeira. A barragem de Jirau poderá se romper se não houver um controle do nível do reservatório da hidrelétrica de Santo Antônio.

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) dos moradores de Jaci Paraná iniciaram um protesto segunda feira (17.2.14) em Jaci Paraná bloqueando por 17 horas a Br 364. Os alagamentos no distrito são responsabilidade da empresa Santo Antônio Energia, por estar por cima da cota prevista no reservatório da usina.

Também responsabilidade da Usina de Jirau, continua o alagamento da BR 364 na antiga Mutum Paraná, no trecho do reservatório onde a estrada foi levantada, ameaçando isolar o estado do Acre.

O tráfego de veículos entre Rondônia e Acre, no período noturno, ficará suspenso a partir das 19 horas,  de quinta feira 20.2.14 informou no início da noite desta quarta-feira, o inspetor João Ribeiro, da 21ª Superintendência da PRF. A água atingiu uma camada de 50 cm sobre o asfalto na localidade conhecida como Antiga Mutum, distante 177 km de Porto Velho, e coloca em risco a segurança de motoristas e passageiros durante a noite. Por questões de segurança, explicou o inspetor, o trecho será fechado todas as noites até que o rio apresente sinal de vazante.No início da noite a PRF de Rondônia apresentou outra versão, noticiando a possibilidade do tráfego de caminhões, colocando estacas para marcar o percurso da estrada. (Rondoniagora)

Estrada alagada em Mutum Paraná. foto rondoniagora

A alagação da ponte do Rio Araras e isolamento de Guajará Mirim e Nova Mamoré é considerado responsabilidade da usina, pois as alagações não alcançaram as tradicionais áreas da cidade de Guajará Mirim.


Governador fala de negociar a estrada clandestina do Parque de Guajará Mirim.
O Governador anunciou (estudar a possibilidade de Confúcio Moura disse que foram analisadas as vias alternativas para o acesso a Nova Mamoré e Guajará Mirim. Segundo, ele a saída encontrada foi a ligação por meio dos distritos de União Bandeirantes e Nova Dimensão. Esse trecho, está comprometido em muitos quilômetros onde existem pontes frágeis e pontos alagados, que não permitem o tráfego de veículos, segundo o governador.
Para a região, o Governo enviou quinze máquinas que já estão trabalhando no alargamento da pista para garantir que as duas cidades não fiquem desabastecidas. Outra alternativa compreende a estrada pelo Parque do Parque Ecológico de Guajará Mirim, que pode também servir como rota alternativa, mas depende de uma negociação judicial. Essa via, daria acesso a cidade de Ariquemes, encurtando o caminho habitual. Pela BR-425, Confúcio afirmou que o acesso no momento é inviável, dadas as condições de alagamentos em que se encontram vários trechos.(rondoniagora)

Prefeitura e MP pedem colaboração das usinas com relação a ajuda às famílias desabrigadas
Em reunião ocorrida nesta quarta-feira, 19, no Ministério Público do Estado (MP/RO), a Prefeitura de Porto Velho e o MP/RO cobraram da direção das usinas de Jirau e Santo Antônio apoio às ações que estão sendo realizadas para ajudar as famílias atingidas pela cheia do rio Madeira, a maior da história de Porto Velho.
Para o prefeito Mauro Nazif, a reunião foi importante não apenas para cobrar um posicionamento das usinas, mas também para tranquilizar a população com relação ao boato sobre o rompimento das barragens de Santo Antônio e Jirau. “Os técnicos que aqui estiveram descartaram essa possibilidade. Eles foram categóricos em afirmar que, com o nível que se encontra o rio hoje, não tem como acontecer o rompimento”, disse o prefeito. (Assessoria Prefeitura/rondoniagora)


Rondônia: MAB e moradores de Jaci Paraná bloqueiam BR 364

Foto do primeiro bloqueio da BR 364, 
realizado em julho do ano passado
Desde as 16 horas desta segunda-feira (17), mais de 500 moradores de Jaci Paraná, distrito de Porto Velho, bloqueiam a BR 364 devido à enchente que alcança a comunidade. As famílias exigem uma reunião com as empresas Santo Antônio Energia e Energia Sustentável do Brasil, além do IBAMA, para discutir as enchentes na região.

Localizada à aproximadamente 100 quilômetros do centro da capital, a região é atingida pelas usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau. Esta não é a primeira manifestação das famílias de Jaci. Em julho do ano passado, centenas de pessoas trancaram a mesma rodovia em protesto contra a proposta de aumento de 80 centímetros da cota do espelho d’água do reservatório da hidrelétrica de Santo Antônio. Publicamos abaixo o relato e reivindicações dos moradores de Jaci enviado pelo MAB.

O que está em jogo nesse aumento é uma receita extra estimada em R$ 3 bilhões para as empresas responsáveis pela usina ao longo dos anos de concessão. Por outro lado, essa mudança no nível da cota poderia diminuir a capacidade de geração da usina de Jirau.

Alheios a essas cifras, milhares de atingidos estão sofrendo novamente com as barragens do rio Madeira. Diversas regiões, onde não havia sinais de enchentes em anos anteriores, estão completamente alagadas. O Movimento dos Atingidos por Barragens estima que mil famílias já estejam desabrigadas.

Os moradores prometem manter o bloqueio até a confirmação, por parte das empresas e governo, da realização de uma reunião emergencial para discutir esses problemas.

Fonte MAB Publicado em ter, 18/02/2014 - 12:21



Rio Madeira transborda e começa encher BR 364
O trecho da rodovia federal que já se encontra parcialmente intransitável devido ao grande fluxo de água vinda do Rio Madeira fica localizado na BR 364,KM 871, onde era situada a antiga vila de Mutum Paraná. A água do rio está cobrindo uma parte da rodovia, que pode fechar a qualquer momento, impossibilitando o transporte rodoviário e impedindo única ligação terrestre do estado do Acre com o resto do Brasil.
No Km 868 da rodovia, o lago da Usina de Jirau começa também começa a tomar a Br 364 e pode ser outro ponto a ser interditado,
O trânsito no perímetro está fluindo de forma lenta, porém com riscos de deslizamentos ou até mesmo do asfalto ceder, de acordo com informaloes colhidas junto a assessoria de imprensa do Corpo de Bombeiros.
O local sofreu grande modificação, quando o distrito foi mudado de lugar e o trecho da rodovia elevado para que fosse realizada a construção do lago da Usina Hidrelétrica de Jirau.
BR 425
Devido às constantes chuvas e grande volume de água que escoa dos rios Madeira e Mamoré, a BR 425 fechou durante o fim de semana e segue intransitável.Cidades como Guajará Mirim, Nova Mamoré e estão ilhadas, devido à inundação causada em vários pontos da rodovia.
O trecho que se encontra fechado é ponto de acesso para a Bolívia. O governo do estado decretou estado de emergência. (fonte rondoniavivo)


Se comportas romperem, Porto Velho ficaria embaixo d' água. 
18 de Fevereiro de 2014
O Grupo de Gestão Integrada (GGI), em Porto Velho, avalia informações sobre um possível rompimento nas comportas das usinas de instaladas no Rio Madeira – Santo Antônio e Jirau. A afirmação partiu do procurador e corregedor-geral de Justiça de Rondônia, Odiney de Paula, durante reunião do GGI na manhã desta segunda-feira (17). No entanto, as usinas de Santo Antônio e Jirau dizem que não há qualquer anormalidade nos empreendimentos.
O GGI é formado por secretarias municipais, estaduais, além de representantes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Militar (PM), Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), Exército, Aeronáutica e Ministério Público (MP). Nesta segunda, o grupo discutiu a situação da cheia do Rio Madeira e suas implicações na vida dos moradores, visto que cerca de mil famílias já foram retiradas de suas casas.
Na ocasião, Odiney disse que a situação da capital é preocupante. “Estamos tratando disso com um olhar técnico, sobretudo no âmbito do GGI. Ainda há estudos em andamento para ligar a cheia do Rio Madeira com os barramentos”. O procurador reiterou que o GG1 avalia se houve algum comprometimento nas comportas das usinas na última semana.
Porém, a assessoria da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio afirma que o rompimento da comportas é boato. “Se, de fato, o problema tivesse acontecido, Porto Velho estaria debaixo d’água”, afirma a assessoria. Já Jirau informou que o empreendimento trabalha dentro dos parâmetros normais.
Fonte: G1

Hidrelétrica Jirau, no rio Madeira, o desastre confirmado, por Telma Monteiro


UHE Santo Antônio (ainda em construção) e ao fundo a cidade de Porto Velho
O "X" vermelho é para encobrir a propaganda mentirosa do consórcio que diz "Desenvolvimento sustentável
para Rondônia e para o Brasil"

A cidade de Porto Velho, a capital do estado de Rondônia, nunca esteve tão ameaçada pelas cheias do rio Madeira. A barragem de Jirau poderá se romper se não houver um controle do nível do reservatório da hidrelétrica de Santo Antônio.

Resgatando um pouco da história das usinas do Madeira
O Ministério Público Federal e o Ministério Público do Estado de Rondônia ajuizaram uma Ação Civil Pública (ACP) com pedido liminar contra a mudança de localização da usina de Jirau, no rio Madeira. Isso aconteceu em 25 de agosto de 2008. A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e o Consórcio Energia Sustentável do Brasil (Enersus), hoje ESBR, são os réus da ação.
Os autores da petição inicial, o Procurador MPF de Rondônia, Heitor Alves Soares e a Promotora de Justiça do Estado de Rondônia, Aidée Maria Moser Torquato Luiz,
pediram a anulação do Leilão n° 005/2008 e do respectivo contrato de concessão firmado entre a União e o consórcio ESBR. Para o MP o IBAMA não deveria ter concedido a Licença de Instalação que autorizou a construção do empreendimento na nova localização, 9,2 quilômetros rio abaixo, proposta pelos empreendedores.
Essa alteração em Jirau que aconteceu depois da emissão da licença ambiental de localização e depois do leilão, se tornou um precedente em processos de licenciamento de outras hidrelétricas, como no caso perigoso de Belo Monte. O MPF do Pará ajuizou uma ACP questionando as alterações no projeto de Belo Monte realizadas pós-leilão.
Os empreendedores de Jirau, na época, justificaram que as mudanças na localização da usina levariam a uma economia de R$ 1 bilhão, quase 12% do investimento total. Anunciaram a entrega da energia se daria antes da data prevista em contrato. Jirau já está no sexto ano de construção e o consórcio fez funcionar as primeiras turbinas em 2012.
Entre os benefícios prometidos com a alteração do projeto estavam a redução dos impactos ambientais, a redução do volume de escavações, redução dos custos e antecipação da geração. Mas parece que alguma coisa deu muito errado.
A cidade de Porto Velho, a capital do estado de Rondônia, nunca esteve tão ameaçada pelas cheias do rio Madeira. A barragem de Jirau poderá se romper se não houver um controle do nível do reservatório da hidrelétrica de Santo Antônio.
Já no acórdão do TCU, sobre as contas de Jirau, para acompanhar o leilão e outorga de concessão, ficaram patentes algumas inconsistências nos números apresentados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). As mais gritantes se referiam à necessidade de adequação dos custos indiretos, dos preços dos equipamentos eletromecânicos, seria preciso considerar a questão da linha de transmissão não prevista no orçamento, que terá que levar a energia por 130 quilômetros até a subestação nas proximidades de Porto Velho, falhas de projeto, revisão da vazão no vertedouro e falta do detalhamento do custo global da obra.
Apesar de tudo, independente das recomendações do TCU, Jirau foi licitada. Uma briga entre os desenvolvedores do projeto, Furnas e Odebrecht (que já haviam arrematado o leilão da usina de Santo Antônio) e os vencedores do leilão de Jirau, GDF Suez e Camargo Corrêa, chegou à justiça. Os primeiros com o gosto amargo da derrota pela perda de Jirau, uma surpresa para o setor. Isso inviabilizou os ganhos de escala, planejados por Furnas e Odebrecht, com a construção das duas usinas – Santo Antônio e Jirau.
O investimento total previsto para Jirau permaneceu próximo aos R$ 9 bilhões, mesmo depois que a ESBR anunciou, em 2008, as alterações no projeto. Não só não houve a tal redução de R$ 1 bilhão como foi necessário fazer um aditivo de R$ 900 milhões ao contrato, para complementar os custos com as obras civis. Atualmente o custo de Jirau ultrapassou em muito os R$ 13 bilhões e o consórcio ESBR se queixou, na época, do aumento no volume das escavações.
Erro de cálculo ou estratégia para obter mais dinheiro do BNDES, nunca se saberá, já que não dá para aferir quanto foi escavado ou qual teria sido a previsão original.
Hoje o desastre não está apenas anunciado, já está confirmado.

(htpp://telmamonteiro.blogspot.com/)

Jaci Paraná cobra responsabilidade das usinas do Madeira

Desde as 16 horas de ontem, cerca de 500 atingidos do distrito de Jaci Paraná trancaram a BR 364, rodovia que dá acesso à Jirau, e bloquearam o trânsito e a passagem dos ônibus que levam os operários à hidrelétrica.

O distrito de Jaci Paraná, localizado à 100 km da capital, sofre inúmeras consequências sociais desde o início da construção das duas usinas, como inchaço populacional, ausência de estruturas de saúde, educação, segurança e transporte, além de elevados índices de violência e prostituição.

O distrito é cercado pelo reservatório da usina de Santo Antônio e é atingido frequentemente por inundações depois da instalação das UHE Santo Antônio, com infiltração de água do reservatório no lençol freático e contaminação dos poços de água para consumo humano. Porém, nesse mês, o alagamento atingiu níveis muito acima do normal, afirmam moradores que vivem em Jaci há 20 anos.

Esta não é a primeira manifestação das famílias de Jaci. Em julho do ano passado, centenas de pessoas trancaram a mesma rodovia por 13 horas em protesto contra a proposta de aumento de 80 centímetros da cota do espelho d’água do reservatório da hidrelétrica de Santo Antônio.

Desta mobilização, foi encaminhada uma reunião em janeiro deste ano com a Secretaria Geral da República e com os consórcios construtores das usinas para tratar as pautas dos atingidos de Jaci Paraná. Entretanto, até hoje não foi dado nenhum indicativo de data.

Nesse ano, o início do mês de fevereiro foi marcado por alagamentos em várias comunidades ao longo do rio Madeira, o que levou ao decreto de estado de emergência em todo o município de Porto Velho e comunidades localizadas à beira do rio, tanto à montante quanto à jusante das usinas.

Foi constatado que a UHE de Santo Antônio está operando acima do limite permitido de 75 metros. Em Jaci Paraná, a inundação chegou à cota 74,7 metros, alcançando escola, praças, casas e ruas e os níveis de água continuam a subir.

A mobilização se manteve até as 10h de hoje e ao meio dia houve uma reunião da secretaria executiva do Governo Estadual de Rondônia com a comissão de moradores de Jaci e militantes do MAB, com a participação de vereadores e assessor de deputado federal da base do governo.

O MAB reafirma a posição de que a responsabilidade pelos danos da cheia às famílias é dos consórcios e que nenhuma das pautas do ano passado foi atendida.

Além disso, o Movimento alerta que na bacia do rio Madeira ainda está prevista a construção de mais duas usinas, Ribeirão e Cachoeira Esperança, que seguirão a lógica de não responsabilização das empresas e amortização dos efeitos das cheias, caso o IBAMA e demais órgãos permitirem o aumento das cotas.

Juntamente com os atingidos de Jaci, o MAB exige:

- Que as empresas realizem consultas públicas prévias sobre o aumento das cotas dos reservatórios das usinas de Santo Antônio e Jirau em todas as regiões que estão sendo atingidas e ameaçadas pela cheia do rio Madeira.

- Reunião com as empresas Santo Antônio Energia e Energia Sustentável do Brasil, além do IBAMA, para discutir as enchentes na região e as responsabilidades sobre as consequências;

- Investigação e punição das irregularidades cometidas pelos consórcios construtores das barragens de Santo Antônio e Jirau, além das consequências não previstas, como desbarrancamentos em bairros de Porto Velho e comunidades à jusante da Santo Antônio e alagamento da BR 364.

- Reparo imediato das perdas da população com as cheias, inclusive da população atingida à jusante da UHE Santo Antônio, incluindo-as no Programa de Remanejamento da População Atingida pela construção das usinas.

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