O desmatamento provocou aumento das cheias do Madeira

O desmatamento provoca mudanças nas chuvas e no clima e tem a ver com as secas em São Paulo e com as maiores enchentes na Amazônia. Quem explica como isso acontece é um prestigioso cientista que mora em Manaus. Também os agricultores que chegaram aqui já perceberam que após as derrubadas os igarapés carregam mais água que antes... na época das chuvas! A água não é retida como antes pelas matas e devolvida a atmosfera pela evaporação provocando chuvas em outro lado. Ela escorre logo pelos rios provocando maiores enchentes. As Usinas do Madeira não tinham previsto que as cheias do Madeira poderiam ser maiores que no passado e agravaram o fenômeno climático "entupindo" o rio com as barragens.

Fearnside ficou conhecido também por ter denunciado a imissão de gases de efeito estufa pelas Usinas Hidroelétricas na Amazônia.

Veja em esquemas e entrevista publicada pela Folha de São Paulo como Philip Fearnside explica isto:





As ilustrações são da Folha de S.Paulo, e a matéria é assinada por Leão Serva  desde Manaus, e entrevista o prêmio Nobel Philip Fearnside, prestigioso cientista "especializado em climatologia baseado em Manaus, vem há décadas advertindo sobre o risco crescente de catástrofes climáticas". (continua)



Fearsnside já tinha advertido que poderiam acontecer maiores cheias na Amazônia e seca em outros lugares como consequência do desmatamento. A previsão está se cumprindo este ano:
  • "Este ano, o Rio Madeira, principal afluente do Amazonas, vive a maior cheia em décadas e a água invade as margens deixando milhares de pessoas sob enchente. Ao mesmo tempo, reservatórios de São Paulo se encontram nos níveis mais baixos da história depois do mais seco dos verões, deixando milhões sem água. "O pior é que essa água só é transportada para São Paulo no verão, no resto do ano, o transporte cai. Se não encher os reservatórios na temporada de chuvas, só no ano seguinte"
Além de advertir sobre a alta imissão de gases de efeito estufa nas hidrelétricas da Amazônia, o cientista advertiu sobre a usina de Belo Monte:
  • "Até hoje, Fearnside segue confrontando o discurso oficial sobre o tema: desde que a então ministra Dilma Rousseff reciclou o plano dos militares, alegando que o projeto agora seria de uma única hidrelétrica junto à chamada "Volta Grande" do Xingu, o pesquisador vem afirmando que nenhum governante, por mais autoritário e maluco, faria uma obra de tal custo (hoje em torno de R$ 40 bilhões) para deixar 11 mil megawatts de turbinas paradas durante quatro meses por ano, em função do regime de chuvas da região. Ele sempre diz que o governo em breve anunciará outras barragens. De fato, Belo Monte nem começa a tomar forma e já se fala na necessidade de represas rio acima para acumularem água e garantir o funcionamento da hidrelétrica".
Segundo leão Serva, o cientista é testemunha do aquecimento global desde o seu primeiro emprego no Parque Nacional dos Glaciares, em Montana, Estados Unidos, na fronteira do Canadá: "Fearnside está há 45 anos alertando para o chamado "efeito estufa"  
  • "Ali, passou a incluir nas aulas referências ao aumento da temperatura do planeta, que levaria ao derretimento do gelo no alto das montanhas em algumas décadas. Seu discurso parecia inverossímil, mas as palestras do jovem de 21 anos ainda não completaram meio século e as geleiras de Montana estão desaparecendo: hoje os estudiosos dizem que elas só vão durar mais dez anos".

  • "Na Amazônia, ainda nos anos 1980, Fearnside escreveu que se nada fosse feito, a floresta como sistema climático iria desaparecer em 50 anos. Passaram-se 25, o desmatamento continuou e vários fenômenos associados também. O principal deles é a redução da umidade naquela área, porque o desmatamento faz com que a água das chuvas não seja retida. O ar se torna mais seco: na época da estiagem, meados do ano, a umidade relativa em Manaus já chega a cair abaixo de 20%, como nos desertos. Outra consequência do desmatamento é que a água das chuvas escorre diretamente para a calha dos rios, provocando enchentes maiores".
  • "Uma terceira consequência do desmatamento em grande escala da região, que Fearnside detalhou em 2004, mostra que menos água da Amazônia seria transportada pelos ventos para o Sudeste durante a temporada de chuvas, o que reduziria a água das chuvas de verão nos reservatórios de São Paulo".


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