O 6º Congresso da Liga dos Camponeses Pobres em Jaru, Rondônia.

Nos dias 27 e 28 de setembro de 2014 ocorreu em Jaru o 6º Congresso da Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental.
6° Congresso da Liga em Jaru, Rondônia. Foto Resistência Camponesa.

Segundo a informação da Resistência Camponesa o Congresso começou com uma manifestação pelo centro de Jaru. O Congresso da LCP foi aberto com uma manifestação contra a farsa das eleições pelas ruas de Jaru. Os manifestantes se organizaram em filas, exibiram faixas, agitaram bandeiras e cartazes, gritaram palavras de ordem e entoaram canções de luta. Jovens carregaram tochas de fogo que iluminaram o protesto, ocorrido à noite. Em frente ao maior supermercado da cidade, um grupo queimou cavaletes de candidatos.
O Congresso prestou uma homenagem aos lutadores de Santa Elina, em Corumbiara e defendeu a posse de todas as terras pelos camponeses. 
Manifestação em Jaru, Rondônia. foto Resistênciua Camponesa

Segundo vários camponeses presentes, muitos deles são posseiros, ou seja, ainda não têm o documento de propriedade, mas vivem e trabalham na terra faz muitos anos. Eles lutam pela regularização para se verem livres da ameaça constante de despejo, nem tanto para conseguirem financiamentos, pois inúmeros são os casos de camponeses obrigados a vender seus lotes por não conseguirem saldar suas dívidas nos bancos. Por experiência própria ou de outras famílias, empréstimos sem apoio para a produção camponesa e sem uma política de preço mínimo é ilusão.

Outra importante tema dos camponeses que a informação sobre o Congresso recolhe é a luta pelo direito à energia. "Só em Rondônia, quase vinte mil famílias vivem no escuro, segundo recente levantamento feito por várias entidades rurais. É uma vergonha para um estado onde estão sendo construídas duas grandes usinas hidrelétricas, financiadas com recursos públicos e que gerará energia para empresas estrangeiras que funcionarão em São Paulo. Milhares de camponeses e trabalhadores tiveram suas terras alagadas e casas destruídas e mais de 40 operários já morreram nas obras, devido às péssimas condições de trabalho".

Segundo a matéria, a produção camponesa não tem ajuda nenhuma de governo algum. "Ao contrário, recentemente está sendo cobrado uma taxa para os camponeses transportarem porco e galinha para comércio, fiscais estão proibindo a venda de vários produtos tradicionais em feiras livres alegando falta de higiene, não é permitido o transporte de botijas de gás e galões de gasolina. Tudo para dificultar a vida no campo". A reclamação é que depois, os camponeses ainda são difamados: “Sem-terra são todos vagabundos, só pegam terra para vender!” "Mas os monopólios de comunicação não denunciam que os posseiros não têm assistência técnica, têm poucos maquinários, as estradas e pontes são péssimas, não têm postos de saúde e as escolas são longe da residência dos alunos".

A matéria também aponta que para os camponeses que já estão em seus lotes é um grande desafio manter a união e organização da época do acampamento, pois só coletivamente é possível ao povo resolver todos seus problemas.

Crescem as tomadas de terra do latifúndio. 
Segundo a Resistência Camponesa nos últimos anos têm crescido o número de tomadas de terra em Rondônia. Segundo a Liga, isto se deve ao aumento do desemprego com a diminuição das obras das usinas Santo Antônio e Jirau e devido à crise econômica geral que o país está enfrentando. Outra causa apontada é a falência da reforma agrária do governo, nos 12 anos de gerenciamento petista o Incra assentou muito menos que a gerência FHC (PSDB). Segundo a informação, cidades de Rondônia, como Chupinguaia, Ariquemes, Buritis, Alto Paraíso, Monte Negro e Cujubim estão agitadas por tomadas de terra. E a LCP teria aproveitado o 6º Congresso para anunciar novas grandes tomadas de terra na região.

Povos indígenas e camponeses: mesmos inimigos, mesmos objetivos
Segundo a informação, uma das participações mais importantes do Congresso foi de uma ativista que dedicou grande parte de sua vida ao apoio e à luta junto dos povos indígenas. "A LCP considera muito importante unir com estas populações que há mais de 500 anos resistem à expulsão de suas terras e ao massacre sistemático".
Propaganda eleitoral queimada nas ruas de Jaru. foto resistência camponesa.

PT é visto como amigo dos latifundiários e inimigo dos camponeses.

Segundo os participantes do Congresso da LCP muitos camponeses votaram no Lula porque ele prometia dar terra. "Mas nos 12 anos que o PT esteve na cabeça do velho Estado brasileiro cresceu a violência contra os camponeses. Passou a ser comum tropas da Polícia Federal, Força Nacional de Segurança e até do Exército apoiando e executando despejos violentos de acampamentos". 

Mídia e movimentos de agricultores como o MST e a FETAGRO também foram criticados. 
Segundo a matéria divulgada; "Lideranças combativas são difamadas pelos monopólios de imprensa e por dirigentes do MST e Fetagro, são perseguidas e presas".
"Atualmente, mais de 20 camponeses estão presos em Rondônia por lutarem pela terra. Número mais absurdo é o de camponeses assassinados em conflitos agrários, que cresceu na gerência petista".

Moção de repúdio contra delegado da polícia civil.
Segundo Ressit~encia Camponesa, a 6º Congresso da LCP aprovou uma moção de repúdio ao delegado Lucas Torres, responsável pela investigação do assassinato do líder camponês Renato Nathan. Em resposta à Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal dos Deputados, recentemente, ele afirmou que Renato era um bandido e foi o único responsável por sua própria morte e que eram falsas todas as afirmações dos camponeses sobre Renato.

Seqüestro de camponeses
Outro caso que teria sido denunciado foi o sequestro, ameaça de morte e tortura dos camponeses Daniel e Paulo, cometidos pessoalmente pelo latifundiário Heládio Senn, em Chupinguaia. Segundo a matéria após ampla campanha de denúncia por movimentos democráticos de todo país, os trabalhadores foram resgatados com vida. O fazendeiro chegou a ser preso, mas foi solto no dia seguinte. Apesar dos camponeses terem visto armas pesadas a polícia teria apreendido na fazenda apenas 3 armas velhas. Para os camponses da LCP a ação da polícia foi só um teatro para justificar para a opinião pública o despejo dos 60 camponeses, ocorrido em seguida. "Tamanha injustiça e o Ouvidor Agrário Nacional Sr. Gercino da Silva não disse uma palavra, não escreveu sequer um ofício".
Segundo a informação, Daniel e Paulo participaram do 6º Congresso e deram seus depoimentos. Eles teriam agradecido a todos que lutaram para que eles fossem encontrados com vida, disseram que não vão abandonar a luta e que estão se preparando com as demais famílias para retomarem as terras do grileiro Nego Zen.


Homenagem aos militantes mais velhos. 

A informação termina contando que uma parte importante do Congresso foi a homenagem a pioneiros da LCP de Rondônia e Amazônia Ocidental. "A Liga sempre prezou por resgatar suas origens, que são as Ligas Camponesas da década de 60 e mais recentemente, os bravos combatentes da Batalha de Santa Elina. Para que a luta avance, é fundamental unirmos a experiência dos mais velhos com a vitalidade dos mais novos". Os homenageados teriam dado depoimentos emocionados, encorajando os presentes a fazerem avançar a Revolução Agrária e a LCP. 
Fonte e fotografias: Resistência Camponesa.

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